Rio de Janeiro, RJ, 29 (AFI) – Flamengo x Botafogo é um clássico que
facilmente colocaria 100 mil pessoas no Maracanã em outros tempos. Neste
domingo, porém, no retorno de ambos ao “Templo do Futebol”,
cuja capacidade atual é de 78.838, após quase três anos apenas 38.853
pagaram para ver o duelo. Números que explicam um estudo recente publico
pela Pluri Consultoria, que colocou o Brasileirão como o 31º colocado
em ocupação de estádios no mundo.
De acordo com a pesquisa baseada na edição de 2012, o Campeonato
Brasileiro teve uma taxa de ocupação média de apenas 38,4% de seus
estádios. Números que deixam a competição fora até mesmo do Top 20 entre
os principais campeonatos nacionais. Em 2011, o torneio ocupava a 19ª
colocação, com 44% da ocupação.
Conforme apontou a Pluri Consultoria, os 61,6% de espaços vazios nos
jogos do Brasileirão equivalem a 7,9 milhões de ingressos encalhados
durantea competição. Se tais ingressos fossem vendidos, gerariam uma
receita bruta direta em torno de R$ 300 milhões aos clubes.
Assim como já fora constatado na pesquisa dos campeonatos com melhores médias de público (relembre aqui o especial “Vergonha Nacional”),
o Brasileirão perde bem menos tradicionais no futebol mundial. Entre as
quais, estão os campeonatos do Chipre (69% de taxa de ocupação), Suécia
(68%), Áustria (67%), Bélgica (64%), Suíça (58%), Noruega (58%) e
México (53%).
Mais uma vez os campeonatos Alemão e Inglês
foram os grande destaques do estudo. A Bundesliga e a Premier League
tem uma tava de ocupação média de incríveis 95%. Em seguida aparecem a
Major League Soccer (Estados Unidos), com 91%; a Eredivisie (Holanda),
com 90%; e a Primera División (Espanha), com 93%.
Elitização, a vilã!Estádios
em más condições, violência, partidas ruins, maratona de jogos,
consolidação do sistema pay-per-view... são vários os motivos que
contribuem para a baixa presença de público no país. No entanto, estudos
recentes da Pluri Consultoria apontam que o ingresso caro é o principal
fator para esta “vergonha nacional” (relembre a matéria aqui).
No duelo entre Flamengo e Botafogo, os ingressos mais baratos saíam por
R$ 100. Isso em um país cujo salário mínimo é de apenas R$ 678. Ou
seja, se comparecer em quatro jogos em um mês, o torcedor gastaria quase
dois terços de um salário mínimo. Isso sem levar em consideração outros
gastos, como transporte, estacionamento, alimentação, bebida...
Na visão do economista e diretor da Pluri Consultoria, Fernando
Ferreira, esta elitização do futebol brasileiro pode ser um “tiro no
pé”. Para ele, esta tendência de elitização não deve ter vida longa no
Brasil. Caso contrário, vai faltar público e os clubes sentir ainda mais
no bolso.
“Uma coisa são competições como Copa das Confederações ou a Copa do
Mundo, que atraem um público que não costuma ir aos estádios, e é
acostumado a pagar caro para ver um Show do U2, ir ao Rock in Rio ou a
um espetáculo do Cirque de Soleil. Nestes casos, como a demanda é muito
grande, é natural que o preço responda a isso. Outra coisa, muito
diferente, são os jogos da temporada normal de futebol (Brasileirão,
Estaduais, etc). Neste caso não adianta forçar a barra e continuar
aumentando os preços dos ingressos porque o torcedor simplesmente não
irá aos estádios”, explicou.
Ferreira também contestou o fato dos clubes usarem as novas arenas como
argumento para aumentar os preços dos ingressos. Isso porque, segundo o
economista, o conforte do estádio
é apenas um dos fatores que influenciam na presença do público. Os
outros pontos relevantes são preço, a insegurança, a concorrência com
outras formas de entretenimento, o excesso de jogos com baixa qualidade e
pouca importância e a comodidade do pay per view.
“Estádios não são como pequenas salas de cinema com 200 lugares, e sim grandes espaços para 30/40 mil pessoas, e enchê-los 35 vezes ao ano significa deslocar cerca de 1 milhão de pessoas durante uma temporada, tarefa difícil quando o preço do ingresso é muito a lto. Alguns clubes até conseguem por algum tempo (em geral enquanto a fase é boa), mas a maioria já não leva público nem quando a maré ajuda.
“Estádios não são como pequenas salas de cinema com 200 lugares, e sim grandes espaços para 30/40 mil pessoas, e enchê-los 35 vezes ao ano significa deslocar cerca de 1 milhão de pessoas durante uma temporada, tarefa difícil quando o preço do ingresso é muito a lto. Alguns clubes até conseguem por algum tempo (em geral enquanto a fase é boa), mas a maioria já não leva público nem quando a maré ajuda.
Elevar os preços além da conta é trocar um torcedor de menor renda por um espaço vazio, até porque a classe mais alta (foco da elitização) é justamente aquela que tem mais opções de entretenimento para ocupar seu tempo, sendo o futebol apenas mais uma. Melhor alternativa é combinar uma parcela de ingressos caros para quem pode pagar, com ingressos a preços populares para que o estádio encha e se tenha ganhos de escala”, finalizou.
Confira o ranking de taxa de ocupação dos estádios no mundo:
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