quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Espetáculo e narrativa

cabe__a_coluna__dand__o 







 As horas seguem-se umas às outras, o tempo passa célere... Se essa percepção tiver algo a ver com um jogo de futebol, quando o time da gente precisa construir um resultado, então, pode-se dizer mesmo que os minutos esgotam-se como raios despencando na terra nua. Dependendo do placar final, vamos viver em seguida momentos de aborrecimento ou felicidade. Entre a implacabilidade do cronômetro e o último apito de Sua Senhoria, a angústia de um gol que teima em não chegar... Mas eis que, no instante em que quase ninguém espera mais o lance salvador, um pênalti bem marcado pode reacender a esperança. Se o cobrador for um baixinho habilidoso chamado Ley, a esperança pode virar ordem, pode virar lei.
E assim, cortando as asas de uma águia que adora flanar nas alturas do céu azul (não por acaso a cor da própria camisa), o Rio Branco, num desses momentos em que o destino resolve jogar seus dados viciados num palco denominado Arena, marca um gol salvador que o mantém vivo na busca de uma chance de ascender no campeonato brasileiro de futebol.
A estrela vermelha riobranquina, depois de perder duas vezes (Luverdense, em casa, e Águia, na casa desta), parecia um símbolo sem força (ou sem brilho, como convém dizer quando se trata de um corpo celeste). Sobreveio até, após os tropeços, o temor de um descenso humilhante e indesejado. Olhares enviesados passearam pelas noites frias.
O símbolo apenas parecia sem força. Uma pequena mutação no comportamento de uma equipe, entretanto, pode proporcionar o desvio do percurso de forma tão radical que faz balançar até o mais empedernido dos céticos. Pode fazer voltar a força do símbolo. Pode fazer o sonho tornar-se novamente factível. A capacidade de superação e os números atestam isso.
As duas vitórias seguidas do Estrelão (Araguaína e Águia), o credenciam novamente a tentar buscar um lugar mais adiante. Ainda faltam dois combates (Luverdense e Paysandu). Um jogo dentro e outro fora de casa. Ambos os jogos valendo seis pontos, uma vez que contra adversários diretos. Duas pedreiras, é verdade. Mas perfeitamente dentro do possível.
Nesse sentido de superação das próprias limitações, eu diria que o Rio Branco joga pela vida. Na verdade, já são duas as partidas que o Rio Branco joga pela vida. E, para não perder a benéfica descarga de adrenalina, as próximas duas também serão as partidas da vida. Mas registre-se (comprove-se?) que é sempre possível conseguir uma sobrevida.
É isso. A morte e a vida podem (ou devem) converter-se em espetáculo e narrativa. Os caminhos da bola dividem-se entre formato (a esfera perfeita) e invenção (o toque mais que perfeito). Que o Testinha continue encontrando a síntese entre força e direção. Que a deusa da perfeita geometria o obedeça e voe sempre para o ângulo do gol inimigo!

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