O
Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado do Piauí promete reagir às
denúncias dos ex-treinadores e ex-jogadores do Caiçara, comparado ao Íbis como
pior time do mundo. O presidente da entidade, Vasconcelo Pinheiro, afirmou que
vai impedir a entrada da equipe na última rodada do Campeonato Piauiense e
considerou a situação dos atletas como “escravidão moderna”. No alojamento do
clube, em Campo Maior, não há bola, jogadores dormem no chão e
não há comida. Na hora do banho, os atletas usam uma cuia.
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É uma escravidão moderna a qual os jogadores estão submetidos. Caso confirmado,
vamos buscar impedir a entrada deles em campo na última rodada até que a
situação seja resolvida- afirmou Vasconcelo.
A
falta de material esportivo e as condições precárias de trabalho (veja vídeo ao lado),
de acordo com
o sindicato, serão motivos de fiscalização da Justiça do Trabalho.
Segundo Vasconcelo
Pinheiro, entre multas e o pagamento dos salários atrasados dos
jogadores, o
clube piauiense talvez não consiga arcar com as dívidas trabalhistas e
pode ficar fora de outros campeonatos. A Federação de Futebol do Piauí
(FFP) também será
responsabilizada, segundo Vasconcelo, por não garantir condições mínimas
aos times.
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A federação também tem sua parcela de contribuição nessa situação porque não
observa se as equipes federadas têm condições de cumprir com suas
responsabilidades.
O goleiro Carlos Henrique confirma as condições
precárias de atuação do time. Para o jogador, que deixou o clube devido à
situação, o Caiçara está longe de ser uma equipe profissional de
futebol.
- Não existia o mínimo de organização no
Caiçara. Era impressionante as condições. Quando íamos jogar, os meiões
estavam rasgados. Antes e depois dos jogos, não ganhávamos lanche porque
o presidente dizia que jogador tinha era que jogar e não comer. Eu até
dormia bem porque estava em hotel bom, mas tinha parceiros que dormiam
praticamente no chão mesmo. Era complicado – conta Carlos Henrique.
As
más condições de trabalho não estão restritas somente à equipe do interior. Há
dois meses, de acordo com o sindicato, foi encaminhado um ofício à
Superintendência do Ministério do Trabalho no Piauí para que as equipes de
futebol fossem fiscalizadas.
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As duas primeiras equipes fiscalizadas, River-PI e Piauí, após o processo,
pediram um prazo para adequar a situação dos profissionais, que não são só os
jogadores. Agora ainda temos o Flamengo-PI descontando de forma arbitrária 30%
dos salários dos jogadores. É um absurdo – criticou Vasconcelo.
Sem cama, jogadores dormem no chão, de acordo com denúncia de ex-atletas (Foto: Divulgação)
A
diretoria do clube de Campo Maior nega as acusações. No Campeonato Piauiense, o
Caiçara amarga a lanterna da competição. Foram nove derrotas, três empates e
apenas uma vitória, que encerrou o jejum de seis anos. O time levou 30 gols em 13 partidas.
Entenda o caso
De
acordo com Péricles Veloso, um dos quatro treinadores do Caiçara ao
longo da temporada, o clube não oferece condições mínimas de trabalho
para os atletas: falta de material esportivo, boa moradia, alimentação
adequada e pagamento em dia. O ex-técnico afirmou que pagou o
combustível para ir aos treinos do próprio bolso.
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Tinha jogador dormindo no chão em alojamento lá. Alguns não tinham nem
local para ficar e acabavam tendo que dormir nas casas dos outros
companheiros de time. É uma realidade triste, mas é isso que o Caiçara
oferece como estrutura para seus funcionários. Sem contar que, além
disso, ainda bancava o combustível de Teresina para Campo Maior todos os
dias, comprava lanche para os jogadores. Tudo do meu próprio bolso. Lá é
amadorismo total.
Por Emanuele Madeira e Josiel MartinsTeresina
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