Fim
da tarde de domingo, 29 de abril, céu prá de azul, praticamente sem nem
uma nuvenzinha passeando pelos arredores, temperatura bastante
agradável, nem calor escaldante nem frio de congelar os ossos... Eu
diria que uma verdadeira perfeição para a prática do futebol (tanto para
os jogadores quanto para a torcida que resolvesse ir aos estádios
acreanos).
Cheguei à Arena da Floresta uns vinte
minutos antes do jogo preliminar entre Juventus e Plácido de Castro.
Levei um papo animado com os repórteres Paulo Henrique (com um par de
óculos no estilo Matrix) e Alberto Casas (com o cabelo tingido de cal) e
fui me acomodar atrás de uma das traves, onde eu sempre fico brincando
de fazer fotografias.
Tudo mais ou menos como em todos os
domingos de futebol, seja do campeonato acreano, seja das disputas das
séries C e D. Quer dizer, tudo mesmo não. Faltava o presidente Manoel
Façanha, que costumeiramente fica ao meu lado, também fazendo
fotografias com a sua câmera/telescópio, e comentando, às vezes os
lances de efeito, às vezes os golpes mais toscos.
Quinze minutos depois de iniciado o
jogo, o Juventus levando algum sufoco do Plácido de Castro, resolvi
ligar para o Façanha para saber os motivos da sua ausência. O telefone
dele deu sinal de ocupado ou fora de área. Mais tarde liguei outra vez.
Igualmente fora de área. Gol do Plácido! Liguei mais uma vez. Ainda fora
de área. Comecei a ficar preocupado!
Como isso de ficar fora de área jamais
aconteceu com o telefone do Façanha, comecei a pensar em alguma coisa
fora do normal. Ele teria ido para a chácara do sogro e, na volta, o
carro teria quebrado? Teria perdido o celular? Teria tomado umas
cervejas a mais e esquecido a rodada dupla da tarde? Ou o homem teria
sido sequestrado? Minha preocupação aumentou!
Felizmente, no finzinho do jogo, o
Juventus já com dois cocos na cabeça (por culpa única e exclusiva da
arbitragem, é claro!), eis que o Façanha aparece, ladeando o gramado,
munido dos seus apetrechos de trabalho (câmera, gravador, luneta,
cadeira desmontável, radinho de pilha, cronômetro, garrafas de água
mineral e kit de sobrevivência na selva)!
Fiquei aliviado. Mas notei que ele não
estava com cara de quem gostou do que comera. Apressei-me em perguntar o
que tinha havido. E ele respondeu que estava tudo bem. Que demorou
porque resolvera cobrir o jogo entre Alto Acre e Nauas. E que desligou o
celular de raiva porque perdeu tempo, dado que o ônibus do time da
fronteira quebrou na estrada.
Ainda tentei argumentar que essas coisas
acontecem. Que a diretoria do Alto Acre podia não ter culpa de um
defeito mecânico. Que isso, que aquilo... Todos os meus argumentos foram
em vão. Resposta do Façanha: "Mestre, o Alto Acre saiu de
Epitaciolândia depois do almoço. Acho que eles não queriam mesmo jogar.
Talvez fosse o único jeito de não perder!"
Calei a boca e recolhi-me rapidinho à minha insignificância...
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