sexta-feira, 21 de março de 2014

Na Marca da Cal

 Evasão de público nos estádios

A cada ano cresce o desafio de dirigentes de clubes, federações e crônica esportiva de levar públicos aos estádios do país. Uma missão cada dia mais árdua, devido a inúmeros fatores, principalmente a concorrência desleal com transmissões ao vivo de jogos em canais abertos e fechados, associado ao preço salgado dos ingressos em alguns campeonatos.

Com toda essa preocupação passando pela cabeça dos dirigentes esportivos resolvi, então, falar do assunto e começo por uma pesquisa realizada ano passado que apontou pequeno crescimento (1%) do público nos estádios em relação ao período de 2012 para 2013. Esse crescimento é tímido se levarmos em conta a conjuntura do “fator novidade” (modernas arenas para a disputa da Copa/2014).

Dados da temporada/2013, registrou 3.895 partidas de todas as competições no país, totalizando público 18,4 milhões de torcedores, média de 4.721 pessoas por jogo. Um resultado pífio para quem se intitula país do futebol e prestes a sediar uma Copa do Mundo.

Na tentativa de conhecer um pouco melhor como anda a nossa média de público nos estádios brasileiros, resolvi realizar algumas consultas na internet e descobri que a média de público nas partidas do futebol americano é bem superior à registrada no Brasil. O país do Tio Sam registrou na temporada/2013 um total de 490 partidas, levando 33,3 milhões de torcedores às arquibancadas, uma média de 68.000 torcedor por jogo. Os números apontam que a média de público da MLS (Liga Americana de Futebol) foi de 18.608 torcedores contra 14.955 do Brasileirão 2013. Registra-se ainda que a nossa média de público ainda ficou abaixo da liga australiana.

Esse resultado excepcional de público nos estádios americanos é bem parecido com os registrados no Brasil nas décadas de 60 e 70, quando multidões invadiam os estádios nos campeonatos regionais, registrando um público de 100 mil pessoas. Entre os 10 maiores públicos da história do futebol brasileiro, cinco foram registrados em clássicos do campeonato carioca. Lembrando tudo isso, uma pergunta não quer calar na minha mente: por que tão poucos torcedores hoje em nossos estádios? A resposta é justificada por inúmeros fatores e alguns analistas enumeram alguns deles, entre os quais: Qualidade do espetáculo, falta de segurança, presença de vândalos nas torcidas organizadas, falta de conforto, preço abusivo de ingressos para a realidade do torcedor, mobilidade urbana (transporte coletivo). No entanto, eu, particularmente, ainda acho que as transmissões, ao vivo, de emissoras televisivas de canais abertos e fechados, estão tirando o torcedor das arquibancadas, principalmente na Região Norte, onde nosso Estado está inserido.

Um levantamento feito por uma empresa de pesquisas esportivas, Informídia, indica que o espaço ocupado pelo futebol na TV brasileira vem aumentando nos últimos anos, passando de 19.739 horas de transmissão e noticiário em 2007 para 28.901 no ano passado.

Para muitos analistas, essas tendências, além de afastar o torcedor dos estádios, também tendem a elitizar o público do futebol, mesmo diante da TV.

Dados ainda demonstram que somente sete competições superaram a média nacional de 4,7 mil pessoas por jogo: Libertadores, Brasileirão séries A, B e C, Sul Americana, Copas do Nordeste e do Brasil e Estaduais de Minas e São Paulo. Os melhores torneios estaduais aparecem na 6ª, 7ª e 10ª posições – Mineiro, Paulista e Pernambucano, respectivamente. Nada menos que 11 competições tiveram médias de público abaixo de 1.000 pessoas por jogo e todas elas foram estaduais.

Manoel Façanha

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