quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Atlético-AC: uma das surpresas da Série D

 












O Atlético-AC é uma das surpresas da Série D. Dono da 2ª melhor campanha e um dos times invictos na competição, a equipe comandada por Álvaro Miguéis vêm mostrando que pode aprontar muito mais no campeonato. Possui a maior goleada entre todas as séries do campeonato brasileiro no ano e o único atleta que marcou 4 gols na mesma partida.
Conheça todos os segredos do Atlético-AC e a fantástica história do seu treinador que vem revolucionando o futebol no Norte do país.

Cartão de visitas

O Atlético acreano aprontou a primeira surpresa nessa Série D quando foi o único clube a se classificar no Grupo A1. Justamente o grupo que tinha um dos candidatos ao acesso antes da competição começar: o Nacional-AM. Além da classificação, o Atlético-AC viu o Nacional-AM perder a vaga no saldo de gols e nem sequer chegar a 2ª fase. O time amazonense contava com várias estrelas no elenco, além do experiente treinador Vagner Benazzi e especulava-se que possuía uma folha salarial de R$ 400 mil mensais. 

             Da esquerda para a direita. Em pé: Alceivo, Franco Herverton, Pé de Ferro, Diego, Careca e Rafael.
             Agachados: Eduardo, Tragodara, Leandro, Polaco e Leonardo.

Confronto definido

A segunda surpresa aprontada pelo Atlético-AC foi na partida de ida da 2ª fase. O time foi a Boa Vista enfrentar o Náutico e saiu de lá com a classificação encaminhada (para usar uma palavra respeitosa). Isso porque, o time goleou a equipe roraimense por 5 a 1 e praticamente definiu o confronto.

Recorde

Quando todos esperavam um partida de volta morna, já que o regulamento favorecia o Atlético, o time surpreendeu a todos. Aplicou a maior goleada do ano entre todas as séries do campeonato brasileiro e viu seu atacante marcar 4 gols no mesmo jogo. 

Volta ao passado

Antes de continuarmos contando a atual história do Atlético, é necessário conhecermos a trajetória profissional do treinador Álvaro Miguéis.
Com 52 anos de idade, Álvaro Miguéis foi um jogador de futebol amador no final dos anos 70. Sua carreira como atleta foi muito breve e logo ele largou a profissão. Natural de Rio Branco no Acre, com a aposentadoria do futebol passou a se dedicar aos negócios da família e posteriormente ao funcionalismo público. O mais próximo que chegava do futebol nessa fase era quando assistia aos jogos dos times cariocas no Maracanã, já que possuía parentes no Rio e sua idas a capital fluminense eram frequentes. 


Mudança de rumo

Apaixonado por táticas e consumidor fervoroso de jogos de futebol pela TV (ele conta que assistia 30 horas de futebol por semana), resolveu fazer o curso de Educação Física na Universidade Federal do Acre quando já estava com 38 anos de idade.

Voluntário

Formado, em 2008 passou a observar crianças que atuavam em projetos sociais na periferia de Rio Branco. Estagiou no Juventus por um ano e, após sua saída, procurou o presidente do Rio Branco, propondo a implantação das categorias de base na qual ele ficaria como responsável de forma voluntária. O presidente topou e o projeto começou a andar.

Projeto

O projeto começou em 2008 e contava com aproximadamente 110 crianças e adolescentes, distribuídas no sub-13, sub-15 e sub-19.

           Da esquerda para a direita. Em pé: Álvaro Miguéis, Leandro, Pedro, Junior, Lucas, Luis, Miguel, Alberto. Agachados: Iago,    Giovanni Miguéis, Gustavo Miguéis, Elison, Litimanen e Olliver. 

Invencibilidade

Já no primeiro ano, o sub-13 e sub-15 comandado por Álvaro Miguéis ganhou todos os torneios que disputou e desbancou os tradicionais Juventus e Vasco, que tinham a hegemonia das categorias de base na região. O sub-19 sofreu uma única derrota, mesmo assim por W.O por não ter um uniforme reserva num torneio em que disputou.
Entre 2008 e 2012, todos os times de base comandados por Miguéis nunca perderam uma competição regional (exceto o W.O do sub-19 em 2008). Foram mais de 50 torneios regionais disputados.


Nível superior

Em 2010 o Rio Branco foi o representante do Acre na Copa São Paulo de Futebol Júnior. Num grupo que tinha o Palmeiras, acabou na 3ª posição e não obteve a classificação. 

Mudança de lado

Após a experiência na Copa São Paulo de 2010 e com divergências com a diretoria do Rio Branco, Miguéis propôs ao presidente do seu time de coração, o Atlético, a implantação das categorias de base no clube. Apenas com garotos do sub-13 e sub-15, a maioria os mesmos que tinham aprovado a sua passagem pelo Rio Branco, o Atlético passou a ganhar todos os torneios em que disputou e conquistou a vaga para disputar a Copa São Paulo de 2011.

Replay

Durante a Copa São Paulo que é um torneio sub-18, o Atlético levou a maioria dos garotos entre 15 e 16 anos. O time obteve a 3ª colocação na fase de grupos, mas Miguéis se orgulha do jogo equilibrado contra o Santos em que acabou derrotado apenas por 1 a 0. Entre os destaques do time estavam: Polaco, Leandro, Fellype e Tragodara (decore esses nomes).


Profissional

Em 2012 Álvaro Miguéis recebeu a primeira oportunidade para comandar uma equipe profissionalmente. Formou o Atlético com garotos que passaram por seus times nas categorias de base e logo no primeiro teste, conquistou o vice-campeonato acreano, adquirindo a vaga para a Série D.

Divergência

Inciou a Série D de forma surpreendente. Duas vitórias nos dois primeiros jogos e o time formado por garotos comendo a bola. Pediu demissão após discutir com um atleta veterano do grupo e não ter o respaldo da diretoria. O time se desestabilizou e acabou deixando escapar a classificação.

Novos caminhos

Após a decepção profissional, Miguéis deu um tempo na carreira. Boa parte dos atletas que o acompanhavam desde o início dos projetos sociais também deixaram o futebol e foram se dedicar aos estudos e outras carreiras profissionais. 

Retomada

Empolgado com o projeto oferecido pelo Atlético, voltou a comandar o time esse ano. Trouxe a tiracolo parte dos jogadores que começaram com ele ainda meninos: Polaco, Tragodara, Franco, Fellype, Leonardo, Mendes, Matheus, Toró, Leandro... Miguéis lamenta que 80% dos garotos que começaram com ele, após sua pausa na carreira, pararam de jogar futebol. Mas, comemora o fato da maioria estarem cursando o nível superior ou já estarem formados.
De cara foi campeão estadual. Surpreendentemente, pelo menos para a maioria das pessoas que não acompanham o futebol acreano de perto, é uma das surpresas da Série D e vem acumulando recordes na competição.


Raio-X

O que mais surpreende na boa campanha do Atlético-AC na Série D são alguns números apresentados.
O time está invicto na competição, é detentor da maior goleada (8 a 0 sobre o Náutico-RR), ataque mais positivo (28 gols marcados) e possui o atleta que marcou mais gols numa única partida (Careca - 4 gols).
A média de idade dos atletas é de 22 anos. Boa parte dos jogadores não se dedica exclusivamente ao futebol. Além de treinar nas horas vagas, alguns atletas são funcionários públicos, donos do próprio negócio, estudantes e estagiários.

A folha salarial da equipe não passa de 27 mil reais e o clube não recebe ajuda dos governos municipal e estadual, se mantendo exclusivamente da receita de aluguéis de imóveis comerciais pertencentes ao clube e de apoios pontuais do comércio da região.

matéria do site:  www.esportivamente.com

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