De
tempos em tempos Galvão Bueno ‘ameça’ se aposentar. Os críticos do
narrador vibram com a possibilidade de não tê-lo mais no comando dos
principais eventos esportivos exibidos na Globo. Os fãs lamentam ao
argumentar não existir locutor à altura para substituí-lo.
Galvão
virou personagem e faz parte do imaginário do jornalismo esportivo
brasileiro. Amado e odiado, nunca passa despercebido. Parte do público
afirma boicotá-lo. Mesmo assim ele está sempre em evidência.
Com
contrato até 2018, ano da Copa da Rússia, o narrador dificilmente
abandonará o vídeo. Até porque é movido pela vaidade da exposição na
mídia. Galvão Bueno gosta de ser Galvão Bueno — criador e criatura se
entendem muito bem.
Quando o
assunto é a sucessão, os candidatos mais citados são Cléber Machado e
Luís Roberto. Ambos refutam a intenção de ocupar a vaga do principal
locutor da Globo. Dizem já ter espaço próprio, longe da sombra de
Galvão.
Cléber,
52 anos, na emissora desde 1988, seria o sucessor natural pelo tempo de
casa e o status acumulado ao longo deste período. Porém ele não tem a
simpatia de muitos colegas de emissora. É visto como mal-humorado e
pouco versátil ao microfone.
Além dos
jogos, Cléber faz comentários no SPTV, o jornal exibido na região
metropolitana de São Paulo, sob o comando de César Tralli. Em algumas
intervenções, o jornalista até mostra uma eventual verve piadista — já
chegou a debochar algumas vezes do próprio apresentador.
Luís
Roberto, 53 anos, está na Globo desde 1997. Seu carisma e a memória
prodigiosa para dados sobre acontecimentos esportivos o fazem ter uma
legião de fãs. A locução emocional se difere de narradores técnicos e
introspectivos. Ele atua ainda como comentarista de esportes do ‘Jornal
da Globo’.
Perto do
estilo megalomaníaco de Galvão Bueno, os dois são discretos e nada
polêmicos. Resta saber se a cúpula da Globo deseja substituir seu
principal narrador por um profissional imparcial como eles, ou outra
figura histriônica, que possa gerar manchetes a todo momento e obrigue o
telespectador-torcedor a se mexer na poltrona, seja para aplaudir ou
vaiar.
Uma
curiosidade: antes de trabalharem na Globo, Cléber Machado e Luís
Roberto já haviam atuado juntos num programa chamado ‘Sábado Esporte’,
na Rádio Gazeta, no início dos anos 1980. Era uma mesa redonda como as
que se vê hoje em dia na TV.
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